Nos dias 18 e 19 de Janeiro, realizamos o Processing Community Day 2020 em São Paulo, Brasil. Desta vez tivemos dois dias intensos de atividades para conhecer e reconhecer a comunidade entusiasta da nossa querida plataforma Processing aqui nesta cidade. O #PCD20SP foi organizado inicialmente pelo mesmo grupo de pessoas que organizou a edição 2019, e contou com a colaboração voluntária de várias outras pessoas, inclusive algumas que vieram de outras cidades próximas.
O primeiro dia de atividades aconteceu na Escola Britânica de Artes Criativas, a E.B.A.C. São Paulo, com a realização de workshops para iniciantes em Processing e uma Code Jam para interessados em criação coletiva com código. Foram quatro workshops: dois no período da manhã com os instrutores Marco Macarena (@marcomacarena) e André Mattos (@ma77os), e dois no período da tarde, ministradas por Paulo Costa e João Antonio de F. P. e Ferreira (@introscopia). Os participantes tiveram um contato inicial com Processing e programação criativa através de exercícios de desenho, criação de pincéis interativos, e jogos como o clássico Pong, com aulas em Java e em Python!
Participantes do workshop de Marco Macarena e André Mattos, na E.B.A.C. Foto: Sergio Venancio
Workshop de Marco Macarena e André Mattos, na E.B.A.C. Foto: Sergio Venancio
Participante e seu código no workshop na E.B.A.C. Foto: Sergio Venancio
Os workshops representam uma das principais formas de recepcionar o público iniciante em Processing. Muitos participantes se interessaram mais ainda e conversaram com os tutores e membros mais experientes da comunidade. Esperamos ver todas estas pessoas se dedicando cada vez mais ao aprendizado e aplicação da programação criativa, e participando conosco das atividades ao longo do ano!
Participantes e os instrutores André Mattos e Marco Macarena, na E.B.A.C. Foto: Sergio Venancio
Participantes e o instrutor João Antonio, na E.B.A.C. Foto: Cristian Cunha
Participantes e o instrutor Paulo Costa,, na E.B.A.C. Foto: Sergio Venancio
A Code Jam aconteceu em paralelo aos workshops e reuniu pessoas de diversas áreas: arquitetos, designers, programadores, pesquisadores e professores. Os tutores foram Monica Rizzolli, Alexandre Villares e André Burnier.
Participantes da Code Jam, na E.B.A.C. Foto: Sergio Venancio
Após todos se apresentarem, os tutores conduziram o grupo a pensar em algum projeto que utilizasse código, a ser desenvolvido ao longo do dia, baseado no conhecimento, inspirações e materiais que cada um dos participantes trazia. Haviam livros, computadores, microcontroladores e smartphones, e muitas ideias na sala. O grupo chegou a uma ideia de sketch colaborativo em tempo real: um mosaico de smartphones que, ao serem colocados um ao lado do outro, fariam uma composição cada vez maior, e se houvesse alguma interação sobre um telefone, todos os outros responderiam de forma ordenada. Tudo isso foi feito em P5.js e utilizando a tecnologia de websockets. Alguns membros ergueram um servidor local para que cada dispositivo pudesse enviar seus desenhos em tempo real e ser atualizado em seguida.
Participantes da Code Jam em ação, na E.B.A.C. Foto: Sergio Venancio
Participantes da Code Jam, na E.B.A.C. Foto: Sergio Venancio
Um detalhe muito legal do evento é que nossos queridos organizadores produziram os certificados de participação de forma gerativa, onde cada nome de participante gerava um padrão gráfico diferenciado. O código em Processing foi feito pelo Alexandre Villares (@a_b_a_villares).
O segundo dia do #PCD20SP aconteceu na ThoughtWorks, e contou com várias palestras dos membros da comunidade. Começamos com as falas de Luciano Ramalho sobre a empresa e sua cultura de inclusão e respeito, depois Monica Rizzolli (@monicarizzolli) e Alexandre Villares (@a_b_a_villares) abriram o evento. Nosso querido João Antonio (@introscopia) preparou no Processing um disclaimer de agradecimentos com a clássica composição tipográfica do Star Wars (e com trilha sonora provida pelo Youtube!).
Sketch em Processing de João Antonio Ferreira para abertura do segundo dia. Foto: Sergio Venancio
Começamos com a palestra “Programando design gráfico”, de André Burnier (@burnier). André é designer gráfico que utiliza Processing em muitos de seus trabalhos de branding e identidade visual. André falou sobre o processo de criação de um logotipo gerativo, passando por esboços em papel e as diversas experimentações com código.
André Burnier, na ThoughtWorks. Foto: Sergio Venancio
O coletivo artístico Bruthale!!! (@bruthale_) apresentou “Líbera: por dentro da caixa preta” e o processo de criação desta obra que consiste em um labirinto analógico feito em técnicas de fabricação digital e controlado por vozes. O processo do grupo envolve muita experimentação com microeletrônica, instrumentos musicais, softwares, e as obras produzidas ressaltam o lúdico e o participativo.
Coletivo Bruthale!, na ThoughtWorks. Foto: Sergio Venancio
Gil Fuser (@gilfuser), mídia-artista, apresentou “Processing das Coisas: Dados do mundo físico via OSC”, onde mostrou os mais diversos tipos de sensores. Ressaltando a ideia do Faça Você Mesmo, Gil fez uma demonstração de um dispositivo portátil que capta informações de giroscópio e acelerômetro, e as transmite para qualquer outro dispositivo via protocolo OSC (Open Sound Control) com alta velocidade.
Gil Fuser, na ThoughtWorks. Foto: Sergio Venancio
A artista e pesquisadora Graziela Lautenschlaeger (@grazielelautenschlaeger) apresentou “Código-constructo: A sonificação do desvio em Self-portrait of an absence”. Em sua obra instalação-performance Self Portrait of an Absence, Graziela explora o uso de uma prótese ocular que capta o desvio entre seus olhos para distorcer sons, enquanto convida um participante a ouvir o resultado desta sonificação durante um passeio com a artista. Ela nos contou também sobre o processo experimental técnico para chegar no dispositivo utilizado, e fez demonstrações para nossos participantes.
Graziela Lautenschlaeger, na ThoughtWorks. Foto: Sergio Venancio
O artista e pesquisador Sergio Venancio (@sergiovenancio.art) falou sobre uma discussão antiga, que vem desde Descartes, Ada Lovelace, Alan Turing, e que hoje se renova com o ‘boom’ da Inteligência Artificial: pode uma máquina criar? E propôs que, neste contexto de máquinas que tomam lugar de humanos em várias tarefas, devemos refletir sobre a nossa própria criatividade, entendendo como ela difere de uma suposta criatividade de máquina. Após sua fala, ele revelou que seu software de inteligência artificial feito em Processing estava observando e desenhando os participantes do evento em tempo real.
Sergio Venancio e desenho de Monica Rizzolli, na ThoughtWorks. Foto: Bruna Mayer
A última palestra do dia contou com o Pedro Guglielmo, arquiteto, designer e programador, falando sobre “P5.JS e sockets”. Pedro fez uma demonstração em código da criação de uma aplicação Node.js, que recebe e transmite dados de sketches de P5.js através de websockets em javascript. Numa implementação relativamente simples, ele colocou dois sketches de desenho interferindo um sobre o outro, em tempo real. Esta, inclusive, foi a tecnologia utilizada pelo grupo da Code Jam no dia anterior. Muitas ideias legais surgem depois de conhecermos este tipo de técnica interativa!
Pedro Guglielmo, na ThoughtWorks. Foto: Sergio Venancio
Ao final do evento, os organizadores convidaram todos os presentes a fazerem Lightning Talks, uma fala de 5 minutos cronometrados sobre qualquer assunto de interesse geral. Tivemos as participações do coletivo Bruthale! e sua obra “Peixe em Rede”; de Rafael Tsuha com sua demonstração de gráficos fractais em Processing; de Mariana Leal com seus últimos experimentos em caligrafia digital em Processing; e Alexandre Villares falando sobre “Github para leigos”. O evento terminou com um grande entusiasmo por parte dos organizadores e participantes. Foram dois dias de muitos aprendizados e trocas, de conhecer pessoas interessantes com paixão comum por essa grande plataforma de programação criativa. Viva o Processing!
Mais fotos do segundo dia no Instagram
O #PCD20SP foi organizado por Monica Rizzolli, Alexandre Villares, Cristian Cesar Cunha, João Antonio de F. P. e Ferreira, Marco Macarena, Tatyana Zabanova, Mariana Leal, Sergio Venancio e André Burnier. E contou com a ajuda de diversos colaboradores: Rafael Tsuha, Paulo Costa, André Mattos, Daniela Favero, Anderson Ribeiro e Uriá Fassina.
Deixamos nossos agradecimentos especiais à E.B.A.C. São Paulo e Cristian Cunha, e à ThoughtWorks Brasil e Luciano Ramalho, por toda a infraestrutura necessária para os dias do evento, e por nos acolherem com ótimos coffee breaks! E claro, agradecemos à Fundação Processing por esse grande trabalho! Até a próxima! Nos vemos no #PCD21SP